segunda-feira, 23 de abril de 2012

20 ANOS DEPOIS, TWIN PEAKS!

Após duas décadas de seu lançamento na televisão, está disponível em nosso país o Box completo (Gold Edition), distribuído pela Paramount, que traz as duas temporadas, o filme-piloto e mais um bom número de extras inéditos de uma das séries mais cultuadas da televisão, Twin Peaks. Até então, nas locadoras brasileiras, os apreciadores da série nunca tiveram uma apresentação digna de colecionador.


Lançado originalmente em 1990 na televisão americana, a chegada em DVD somente aconteceu na década passada, com as temporadas distribuídas separadamente. Difícil entender esta demora pela repercussão que teve entre os cinéfilos na época e pelo responsável ter sido uma das cabeças mais enigmáticas e influentes do cinema moderno, David Lynch.

Desta vez, a coleção chegou como merecia. Entre os extras prometidos, talvez o mais interessante seja o documentário "Segredos de um Outro Lugar", que explora toda a produção em detalhes. Conta também com entrevistas recentes envolvendo o elenco e o diretor, uma matéria que acompanha fãs no Festival Twin Peaks 2006 e até um episódio do Saturday Night Live que satiriza a série. Além também de muitas cenas perdidas e inéditas que não acompanhavam o primeiro lançamento.

Para quem não se lembra, a história gira em torno dos habitantes de uma pequena cidade chamada Twin Peaks, quando testemunham o crime de um de seus moradores, Laura Palmer. A morte dela já ocorre no início e desencadeia uma série de descobertas sobre ela e também sobre os moradores da cidade. Segredos são expostos na medida em que o detetive encarregado, Dale Cooper (Kyle MacLachlan), se aprofunda na investigação.


Muito mais do que uma simples investigação para descobrir o culpado, o mistério é, na realidade, um estudo do comportamento humano... Um estudo ao estilo David Lynch, é claro. Personagens que escondem na aparência, segredos não imagináveis e absurdos. Comportamento e atitudes comuns não fazem parte do universo criativo do diretor. A narrativa obscura, complexa e surreal são suas marcas já consagradas. Quem assiste seus trabalhos, acompanha sua imaginação estranha, porém fértil e rica em significados subjetivos.

Lynch é daqueles poucos diretores que causam impacto ao lançar um novo filme. Tem na bagagem um dos mais comentados e explorados filmes da última década, Cidade dos Sonhos. Porém, foi no início dos anos 90 que dirigiu e produziu Twin Peaks. Sua vontade de produzir uma série televisiva era grande e conseguiu, principalmente, pelo sucesso inesperado do primoroso Veludo Azul. Mentor e produtor da série, dirigiu apenas alguns episódios, mas a finalização dos outros sempre passavam pelo seu aval.

E como mencionei Veludo Azul, a ligação entre ambos é evidente. Sem este filme, talvez o melhor do diretor, a série provavelmente não teria ido ao ar. O interessante é que, mesmo não sendo um filme acessível ao público em geral, Veludo Azul fez um sucesso considerável tanto de crítica quanto de público. E este bom retorno, habilitou ao diretor à ir em frente com esta série, que leva muito do estilo do filme. O mistério com toques surreais está presente em ambos. Até o ator principal é o mesmo, Kyle MacLachlan, que o acompanhou em outros de seus filmes como Duna.

No Brasil, como passou na Rede Globo (aliás, não entendo até hoje como isso aconteceu!), não teve boa resposta do público na época, para ter o status de cult muitos anos depois. Curiosamente, a emissora tomou a liberdade de alternar alguns episódios, pulando a exibição de outros, e, por fim, terminou a transmissão da série sem passar seu final. Quem acompanhava teve que aguardar a saída da série em VHS...

Confesso que não acompanhei a série quando passou na televisão e só tive a oportunidade de assisti-la há alguns anos atrás. Considero o piloto e a primeira temporada de altíssimo nível e fazem parte das melhores realizações do diretor, em minha opinião. Porém a linguagem de Lynch se perde um pouco na segunda temporada e se torna mais cansativa de assistir. O brilho da série diminui um pouco, mas, mesmo assim, não compromete o resultado final. Vale a pena acompanhar a série na íntegra.

Para quem se interessar ir mais a fundo, após o cancelamento da série, Lynch ainda fez um filme que é como um prólogo da série e se chama Os Últimos dias de Laura Palmer.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

ALTOS E BAIXOS EM "A PELE QUE HABITO"

Último de Almodóvar surpreende e depois cai...

Antes de mais nada, já é bom começar dizendo que não sou um dos grandes apreciadores dos filmes de Almodóvar. Admiro que faça um cinema diferente e autoral, mas seus temas não estão entre meus preferidos. Sem dúvida é um cineasta controverso, inovador e que não tem medo de ir onde outros colegas seus não ousariam ir, realmente valorizo isso. Filmes como Tudo Sobre Minha Mãe, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos e Volver são bons, mas ele não é minha primeira opção de busca quando sai um novo filme seu.

A Pele que Habito teve grande repercussão e polêmica ao ser lançado em diversos festivais, não só por ser mais um filme do diretor, mas pela sua nova experiência em um gênero até então ainda não experimentado, o terror. Mesmo sendo um gênero diferente, está presente neste filme a maioria dos tópicos que costuma abordar e que também o caracterizam.


Seu sucesso atingiu o mundo todo. É o filme "alternativo" da moda. Até me senti um pouco constrangido em dizer que ainda não o havia assistido ainda. "Sério mesmo que você ainda não viu este último e maravilhoso filme do Almodóvar?" Pois é, demorei um pouco para ver, principalmente, por não morrer de amores pelas obras do diretor. Seu exagero pelo feminismo às vezes me incomoda e ainda acho estranho... Ele adora ter como personagens mulheres fortes em seus filmes, porém seus papéis em boa parte são de vítimas, desde infidelidade até abusos sexuais. Usa demais assuntos relacionados à diversidade sexual e a transexualidade, o que acho até moderno e atual, mas ainda assim acho que exagera um pouco na dose. Quero deixar claro que o filme está longe de ser ruim, tem boas qualidades, mas entre prós e contras não me convenceu.

Sobre a história, Bandeiras é um cirurgião que desde a morte de sua esposa, em um incêndio, vem tentando criar um tipo de pele à prova de queimaduras, cortes e outros danos. Para isso, mantém uma mulher para aperfeiçoar seus testes. E o desenvolvimento deste produto mostrará as reais intenções do cirurgião.


Não dá para negar que a ideia é interessante. Nesta história, que parece uma versão moderna da clássica de Frankenstein, Almodóvar faz boas referências ao estilo Hitchcock de conduzir uma trama, junto a uma trilha sonora bem encaixada. A fotografia é muito boa e visualmente é uma obra extremamente competente, como em seus outros filmes. A dupla principal tem atuação de ponta com Antonio Bandeiras, o cirurgião meio sedutor e perturbado, e Elena Anaya, que interpreta a vítima de suas experiências. E entre outros pontos altos, vale mencionar a revelação no meio da história, que confesso ter sido surpreendido e me ajudou a engolir bem a primeira parte cansativa.

E agora vamos aos "poréns" do filme. Deixando de lado estudos mais profundos sobre as simbologias da história ou algo do gênero, que seus fãs poderiam mencionar, primeiramente, gostaria de comentar sobre a evolução da trama. Para mim, foi uma forma de mostrar como estragar o desenvolvimento de uma história. Conduzido de forma não linear (às vezes me parece até meio desnecessário), a ótima revelação que liga quase todos os pontos na história, não sustenta o restante do filme que se torna previsível. Um declínio decepcionante.

Outra coisa que não consegui entender é a presença, para mim, dispensável do irmão de Antonio Bandeiras, na primeira parte do filme. Ele, em um vestido de tigre ridículo, que é um disfarce de carnaval, parece que entra na história apenas com o intuito de chocar a quem assiste e trazer um pouco de ação para a história. E ainda por cima, tem um sotaque que parece misturar espanhol com um português de Portugal que chega a ser cômico. Outro personagem que poderia ter um melhor acabamento é a mãe deles, que faz um papel submisso e de pouca relevância.


Em relação à classificação do filme como terror, quem não aprecia o gênero pode ficar tranquilo porque a ideia do filme não é ser um terror convencional. Não há sustos. O terror está na perversidade dos personagens e nas cenas indigestas. Acho isso interessante e diferente, na teoria, e me lembra até as primeiras realizações do diretor David Cronenberg que explorou bastante as transformações corporais com significados, mas a prática de Almodóvar é outra...

Enfim, só para concluir e tentar não estragar as surpresas de quem ainda não assistiu, é difícil criticar Almodóvar pela grande legião de apreciadores fervorosos de seu trabalho e, provavelmente, a maioria não concordará com o que escrevi, mas é a visão que tive deste filme que, apesar de suas qualidades, volto a dizer que não me convenceu de sua supervalorização. Para quem se interessar, acho que ainda está passando nos cinemas, porém certamente em circuito bem reduzido. Quem preferir aguardar, irá encontrá-lo nas locadoras em breve.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

PENA DE MORTE POR WERNER HERZOG

O diretor alemão Werner Herzog terá a primeira parte de seu mais novo documentário Death Row (Corredor da Morte), sobre a pena de morte, exibida no Festival de Berlim. Este festival teve início no último final de semana e termina dia 19 deste mês. É um documentário dividido em 4 partes e apresenta o caminho iminente à morte de 5 condenados nos EUA. Pesado? Talvez. Interessante? Sim.


Após a exibição no Festival alemão, este longo documentário irá direto para a TV americana e passará em um dos canais da Discovery. No ano passado, ele já tinha realizado o documentário Into the Abyss, onde havia exposto a vida de um condenado à morte, Michael Perry, e das pessoas afetadas pelo seu crime. Herzog faz de Death Row um estudo mais profundo neste assunto, que parece tê-lo fascinado, trazendo a visão de outros que terão o mesmo desfecho.

Claro que o assunto é polêmico e forte, mas parece ser uma boa pedida para quem tiver interesse no assunto e não for dos mais impressionáveis. O diretor é uma boa referência no cinema e tem uma extensa filmografia. Realizou bons filmes de ficção, como a refilmagem de Nosferatu, o clássico Fitzcarraldo e, recentemente, o bom filme O Sobrevivente, com Christian Bale, e outra refilmagem, Vício Frenético, com Nicolas Cage. Mesmo tendo feito outros filmes de ficção, tem se dedicado mais a realização de documentários contundentes.

Ainda sem trailer do Death Row, que também não sei quando aparecerá na programação brasileira, ou até se passará, abaixo segue o trailer do anterior, Into the Abyss, para ter uma ideia. Diretor bom e assunto polêmico são sempre boas referências.






quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

THE ARTIST E O CINEMA MUDO

Filme mudo na era 3D valoriza o passado do cinema.

De tempos em tempos nos deparamos com novidades que marcam ou revolucionam o cinema. Foi assim quando há pouco tempo atrás Tarantino fez Cães de Aluguel e renovou os diálogos em filmes de ação, enquanto A Bruxa de Blair mostrou a força da divulgação do cinema pela internet. Matrix foi lançado e seguido por uma legião de fãs maravilhados por suas cenas de ação bem coreografadas e seu conceito. E ainda mais recente, a super-hiper-mega produção de Avatar que explorou ao máximo os modernos recursos tecnológicos da indústria cinematográfica. Isso apenas para citar algumas das mudanças nos últimos tempos.

Porém, mesmo nesta era de efeitos especiais mais realistas que nunca, o cinema consegue nos surpreender de outra forma, desta vez com um filme mudo, em preto e branco, chamado The Artist.


Arrebatando prêmios em diversos festivais, incluindo o Globo de Ouro, entra como forte candidato nos principais prêmios do Oscar, que acontecerá no final deste mês de fevereiro. É bem curioso acompanhar esta repercussão por um filme como este em pleno século XXI. E quem poderia imaginar o interesse que este filme causaria a ponto de ser um dos mais comentados no momento?

O cinema, que teve seu início no final do século 19, levou algumas décadas para ter seu primeiro filme falado. Com o desenvolvimento inicial do cinema e a expansão em diversos países, foco na Europa e EUA, o cinema mudo, a partir de 1920, viveu sua melhor fase e também sua queda. Com produções que variavam em diversos gêneros, da ação à comédia, do romance ao terror, dos musicais aos épicos e por aí vai, muitas pérolas cinematográficas realizadas nesta época, influenciaram boa parte dos filmes que assistimos hoje em dia. Os primeiros filmes de vampiros (Nosferatu), O Fantasma da Ópera e Robin Hood, entre outras adaptações clássicas, tiveram suas primeiras versões nesta época. Clássicos de Charles Chaplin e filmes surrealistas como O Cão Andaluz de Luis Buñuel, são alguns entre muitos exemplos que marcaram esta era.


No final dos anos 20, com a evolução esperada da tecnologia, os primeiros filmes falados foram feitos e uma nova revolução no cinema teve início. Aliás, é bom comentar que a história do filme The Artist tem como base a difícil transição do cinema mudo para o falado. Muita gente do meio não conseguiu se adaptar.

Com estréia prevista para este final de semana, dia 10 de fevereiro, será curioso acompanhar a repercussão deste filme no Brasil. Lá fora, já tem gente dizendo que este resgate nostálgico pode ser a mais nova revolução no cinema. Uma certeza você pode ter... Gostando ou não, ao assisti-lo nos cinemas, verá no mínimo algo diferente e, pra quem gosta de cinema, isso já vale muito.


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

POUCAS E BOAS... NOVIDADES NO OSCAR.

E saíram as aguardadas indicações ao Oscar, principal evento do cinema mundial. Sem muitas surpresas em relação às nomeações e premiações do Globo de Ouro, vale mencionar algumas poucas diferenças que considero merecidas. Esquecido pelo Globo de Ouro, o excelente filme O Espião Que Sabia Demais, foi lembrado em duas categorias, melhor ator para Gary Oldman e melhor roteiro adaptado. A Árvore da Vida também teve indicações de mais peso nas principais categorias, melhor filme e direção.


Os favoritos continuam os mesmos do evento anterior, The Artist e The Descendants, porém o filme de Martin Scorsese, Hugo, aparece com o maior número de indicações entre os filmes, ou seja, entra com muita força também.

Interessante notar um clima forte de nostalgia nas premiações, que pode até ser uma tendência no cinema. Três dos filmes mais importantes deste Oscar, The Artist, Hugo e Meia-noite em Paris, são histórias que remetem aos primeiros anos do cinema. The Artist é um filme mudo, em preto e branco, e conta uma história sobre as dificuldades de um ator na época da transição do cinema mudo para o falado. Hugo traz uma história fantasiosa que envolve George Meliés, um dos inventores do cinema, e Meia-noite em Paris traz inúmeras referências às primeiras décadas da arte em geral e a chamada "era de ouro do cinema". Podem aparecer mais produções saudosistas por aí.

Já a disputa pelo melhor filme estrangeiro, parece previsível. O filme iraniano A Separação, além de participar desta categoria no Oscar e ter vencido a mesma no Globo de Ouro, concorrerá com os filmes americanos na categoria de melhor roteiro original. Assim sendo, com essa força, o prêmio de filme estrangeiro parece já ter dono.

E por último, o Brasil também apareceu, bem discretamente, com a composição Real in Rio, de Carlinhos Brown e Sergio Mendes, na animação Rio. Única lembrança brasileira no Oscar, irá disputar a categoria melhor canção original. Não adianta nem reclamar desta pequena participação brasileira no evento porque a safra de filmes nacionais anda devendo faz tempo. Tropa de Elite 2 não basta e é preciso melhorar muito.

Segue abaixo as principais categorias do evento que ocorrerá no dia 26 de fevereiro:

MELHOR FILME "O Artista"
"Os Descendentes"
"Histórias Cruzadas"
"A Invenção de Hugo Cabret"
"Meia-Noite em Paris"
"O Homem que Mudou o Jogo"
"Cavalo de Guerra"
“A Árvore da Vida”
“Tão forte e Tão perto”

MELHOR DIREÇÃO
Martin Scorsese, "A Invenção de Hugo Cabret"
Woody Allen, "Meia-Noite em Paris"
Michel Hazanavicius, "O Artista"
Alexander Payne, "Os Descendentes"
Terrence Malick, "A Árvore da Vida"

MELHOR ATOR
Demian Bichir, "A Better Life"
George Clooney, "Os Descendentes"
Jean Dujardin, "O Artista"
Brad Pitt, "O Homem que Mudou o Jogo"
Gary Oldman, “O Espião que Sabia Demais”

MELHOR ATRIZ
Glenn Close, "Albert Nobbs"
Viola Davis, "Histórias Cruzadas"
Meryl Streep, "A Dama de Ferro"
Michelle Williams, "Sete Dias com Marilyn"
Rooney Mara , "Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres"

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Kenneth Branagh, "Sete Dias com Marilyn"
Jonah Hill, "O Homem que Mudou o Jogo"
Nick Nolte, "Guerreiro"
Christopher Plummer, "Toda Forma de Amor"
Max von Sydow, “Tão Forte e Tão Perto”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Bérénice Bejo, "O Artista"
Jessica Chastain, "Histórias Cruzadas"
Melissa McCarthy, "Missão Madrinha de Casamento"
Janet Mcteer, "Albert Nobbs"
Octavia Spencer, "Histórias Cruzadas"

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
"Meia-Noite em Paris" (Woody Allen)
"Missão Madrinha de Casamento" (Annie Mumolo e Kristen Wiig)
"O Artista" (Michel Hazavanicius
“Margin Call - O Dia Antes do Fim” (J.C. Chandor)
“A Separação” (Asghar Farhadi )

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
"Os Descendentes" (Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash)
"A Invenção de Hugo Cabret" (John Logan)
"O Homem que Mudou o Jogo" (Steven Zaillian e Aaron Sorkin)
"Tudo pelo Poder" (George Clooney, Grant Heslov, Beau Willimon)
"O Espião que Sabia Demais” (Bridget O'Connor e Peter Straughan)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"Bullhead" - Michael R. Roskam (Bélgica)
"Monsieur Lazhar" - Philippe Falardeau (Canadá)
"A Separação" - Asghar Farhadi (Irã)
"Footnote" - Joseph Cedar (Israel)
"In Darkness" - Agnieszka Holland (Polônia)

MELHOR ANIMAÇÃO
“Um Gato em Paris”
“Chico e Rita”
“Kung Fu Panda 2”
“Gato de Botas”
“Rango”
 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

UMA PASSADA PELO GLOBO DE OURO

69º premiação traz boas piadas e poucas surpresas.

Ontem aconteceu a cerimônia de premiação do Globo de Ouro, transmitida pelo canal TNT. Apesar de ser um dos mais importantes eventos de cinema e TV, funciona como uma espécie de termômetro para o Oscar. Destacou dois filmes que provavelmente serão protagonistas deste próximo evento também. O Artista, ganhou como melhor filme comédia ou musical, e Os Descendentes, levou o prêmio de melhor filme de drama.

A dinâmica deste evento é diferente em relação ao Oscar por vários motivos. Além de dividir as premiações de cinema com séries, mini-séries e filmes de TV, o evento tem um apelo um pouco mais informal. Os convidados ficam sentados em mesas, ao invés das habituais poltronas do Oscar, e têm bebidas alcoólicas à vontade antes e depois da cerimônia, diferença mencionada com muita alegria pelos convidados antes do início do evento. O que não muda é o glamour e a luta pelo maior destaque entre a mulherada, quem usa o vestido mais caro, mais ousado, mais cheio de sei lá o quê ou até, o mais esquisito.


O apresentador do evento foi Ricky Gervais que, apesar de reclamações quanto ao seu humor sarcático e, aparentemente, apelativo, faz piadas ótimas com os convidados, sem se preocupar se fará inimigos ou não. Uma de suas primeiras e melhores "cutucadas" da noite foi direcionada ao Eddie Murphy que não aceitou ser o próximo apresentador do Oscar. "Um cara que diz sim ao Norbit e não ao Oscar...". Perguntou se Johnny Depp havia realmente assistido The Tourist, filme bem fraco que atuou ao lado de Angelina Jolie, brincou com Colin Firth, Natalie Portman, Jodie Foster e até Justin Bieber... O cara aliviou para poucos. Pra quem está de fora, como nós, meros espectadores, foi divertido sem dúvida.

Quem estava mandando poucas e boas também, sem ser engraçado, foi o renomado crítico Rubens Ewald Filho, comentarista e tradutor do evento na TNT. Fez comentários ligeiramente maldosos, como por exemplo as diversas vezes em que dizia que tal ator ou atriz estava lá "por mero equívoco", além de comentar, de forma pejorativa, que a atriz que interpreta Marilyn Monroe no filme My Week With Marilyn, usou enchimento para fazer o papel. Entre outros comentários, criticou também a Madonna, que concorreu e ganhou na categoria melhor trilha sonora, dizendo que "até" ela compôs uma boa música nesse ano.

Sem surpresas, mas com as polêmicas que sempre habitam estes grandes eventos, abaixo estão as categorias principais e os vencedores em relação as premiações de cinema:

MELHOR FILME DE DRAMA
"Os Descendentes" (VENCEDOR)
"Histórias Cruzadas"
"A Invenção de Hugo Cabret"
"Tudo pelo Poder"
"O Homem Que Mudou o Jogo"
"Cavalo de Guerra"

MELHOR FILME DE COMÉDIA OU MUSICAL "50/50"
"The Artist" (VENCEDOR)
"Missão Madrinha de Casamento"
"Meia-Noite em Paris"
"Sete Dias com Marylin"

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Kenneth Branagh - "Sete Dias Com Marilyn"
Albert Brooks - "Drive"
Jonah Hill - "O Homem Que Mudou o Jogo"
Viggo Mortensen - "Um Método Perigoso"
Christopher Plummer - "Toda Forma de Amor" (VENCEDOR)

MELHOR ATRIZ EM COMÉDIA OU MUSICAL
Jodie Foster - "Carnage - O Deus da Carnificina"
Charlize Theron - "Jovens Adultos"
Kristen Wiig - "Missão Madrinha de Casamento"
Michelle Williams - "Sete Dias Com Marilyn" (VENCEDOR)
Kate Winslet - "Carnage - O Deus da Carnificina"

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
"As Aventuras de Tintim - O Segredo do Licorne" (VENCEDOR)
"Operação Presente"
"Carros 2"
"Gato de Botas"
"Rango"

MELHOR ROTEIRO
Woody Allen ("Meia-Noite em Paris) (VENCEDOR)
George Clooney, Grant Heslov, Beau Willimon ("Tudo pelo Poder")
Michel Hazavanicius ("The Artist")
Jim Rash, Nat Faxon, Alexander Payne ("Os Descendentes")
Aaron Sorkin, Steve Zaillian ("O Homem Que Mudou o Jogo")

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"A Pele Que Habito", de Pedro Almodóvar (Espanha)
"A Separação" (Irã) (VENCEDOR)
"O Garoto da Bicicleta" (Bélgica)
"In the Land of Bloody and Honey" (EUA)
"The Flowers of War" (China)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Bérénice Bejo - "The Artist"
Jessica Chastain - "Histórias Cruzadas"
Janet McTeer - "Albert Nobbs"
Octavia Spencer - "Histórias Cruzadas" (VENCEDOR)
Shailene Woodley - "Os Descendentes"

MELHOR DIRETOR
Woody Allen - "Meia-Noite em Paris"
George Clooney - "Tudo pelo Poder"
Alexander Payne - "Os Descendentes"
Michel Hazanivicous - "The Artist"
Martin Scorsese - "A Invenção de Hugo Cabret" (VENCEDOR)

MELHOR ATOR EM COMÉDIA OU MUSICAL
Jean Dujardin - "The Artist" (VENCEDOR)
Brendan Gleeson - "O Guarda"
Joseph Gordon-Levitt - "50%"
Ryan Gosling - "Amor a Toda Prova"
Owen Wilson - "Meia-Noite em Paris"

MELHOR ATRIZ EM DRAMA
Glenn Close - "Albert Nobbs"
Viola Davis - "Histórias Cruzadas"
Rooney Mara - "Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres"
Meryl Streep - "A Dama de Ferro" (VENCEDOR)
Tilda Swinton - "Precisamos Falar Sobre Kevin"

MELHOR ATOR EM DRAMA
George Clooney - "Os Descendentes" (VENCEDOR)
Leonardo DiCaprio - "J. Edgar"
Michael Fassbender - "Shame"
Ryan Gosling - "Tudo pelo Poder"
Brad Pitt - "O Homem Que Mudou o Jogo"


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

CLÁSSICOS E RARIDADES NA CINEMATECA

A Cinemateca está fazendo uma programação para janeiro e fevereiro que começou ontem, dia 11, e terá fim no dia 27 do próximo mês. Apesar de ser entitulada como "Verão de Clássicos", esta programação varia entre alguns clássicos e algumas raridades.



Entre os clássicos estão filmes como A Paixão de Joana d'Arc, filme mudo de 1927, e o filme de guerra A Batalha de Argel, mas na maioria da programação, existem mais raridades do que realmente clássicos. Dois filmes menos famosos de Roman Polanski e Godard, Armadilhas do Destino e Detetive respectivamente, fazem parte das raridades, além de uma curiosa exibição de um filme do diretor italiano de filmes B Alfonso Brescia chamado A Adolescente. Curioso também será a inclusão de alguns trailers antigos que passarão antes de algumas exibições. Cliente Morto Não Paga, com Steve Martin, e Piranha, de Joe Dante, são alguns dos trailers que serão apresentados.  

Programação de filmes interessante e todos serão apresentados em 35mm com custo de R$ 8,00 a inteira e R$ 4,00 a meia entrada, para cada exibição.

Segue o link com a programação http://www.cinemateca.com.br/

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

CONHEÇA MELHOR WOODY ALLEN

"O dia em que ele termina a edição de um filme, é o mesmo dia em que começa a escrever outro"
Mira Sorvino falando sobre Woody Allen.


Aqui vai uma dica futura... O lançamento do documentário American Masters: Woody Allen - A Documentary, dirigido por Robert B Weide.

Escrevo dica futura porque é um documetário que passou na TV americana no início deste último mês e ainda está sem previsão de lançamento aqui no Brasil. Acompanhei algumas matérias e partes de entrevistas deste documentário e ouvir o mínimo possível de pessoas que trabalham diretamente com este cineasta já vale a recomendação.

Se tivesse que nomear o maior workaholic do cinema, certamente, Woody Alllen estaria entre, pelo menos, os 3 mais. Com quase 80 anos de idade, ele continua escrevendo e dirigindo filmes sem parar. É impressionante ver um filme seu quase todos os anos.

Este documentário reúne entrevistas com profissionais variados do cinema, principalmente atores, diretores e produtores.  No geral, o documentário expõe opiniões variadas sobre Allen e conta um pouco como ele é nos bastidores de seus filmes. Imagino que trabalhar com ele deve ser algo extremamente divertido e um grande aprendizado também, porém deve exigir um pouco da paciência de alguns... Penso assim porque, se muito de seus personagens criados são espelhos de si mesmo, esse homem tem manias estranhas e não são poucas!

Com uma vasta e invejável filmografia, variando entre comédias e dramas, Allen é também autor de livros e frases marcantes. Seu humor irônico sobre o cotidiano, presente em seus filmes e livros, é inigualável.

Como todos os cineastas, Allen também variou seu estilo durantes as décadas. Em seus trabalhos inciais, explorou mais as comédias escrachadas como Bananas e Tudo o Que Você Queria Saber Sobre Sexo para depois investir em comédias românticas criando clássicos como Manhattan, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa e A Rosa Púrpura do Cairo. Passou por dramas mais densos, com menor destaque, como Interiores e A Outra e depois misturou gêneros fazendo o seu melhor, para mim, Crimes e Pecados em 1989. Continuou nos anos seguintes com maior foco em comédias realizando Desconstruindo Harry, Dirigindo no Escuro e Escorpião de Jade, sem deixar de lado bons dramas como Match Point. Vicky Cristina Barcelona e Tudo Pode Dar Certo estão entre seus últimos trabalhos e mostram sua grande forma atual, ainda mais com sua realização mais recente, o ótimo Meia-Noite em Paris, que já concorre com indicações no Globo de Ouro de 2012 e está cotadíssimo para disputar em diversas categorias no próximo Oscar. E este filme merece mesmo as indicações porque encontramos nele o melhor de Allen... Seu romantismo e humor afiadíssimos que tem como pano de fundo seu amor pelas artes. E como não para de trabalhar, já está na pós-produção de seu novo filme, Nero Fiddled, que conta com Penelope Cruz, Ellen Paige (Juno), Jesse Eisenberg (A Rede Social) e até Roberto Benigni (A Vida é Bela).

Espero poder assistir em breve este documentário para entender um pouco mais sobre este gênio da sétima arte que realizou diversas obras-primas e está, sem dúvida, no nível dos principais cineastas da história do cinema.

"É muito difícil fazer a cabeça e seu coração trabalharem juntos. No meu caso, eles não são nem amigos."
Cliff Stern (Woody Allen) em Crimes e Pecados de 1989.